quinta-feira, 12 de março de 2009

Medo velho

E depois, o quê? Enquanto reza ou injeta, você observa a dúvida como se ela fosse uma bússola cujo pólo norte é um Triângulo de Bermudas quântico, onde possibilidades colidem e naufragam, escarrando na cara de homens-maçã ao ocupar o mesmo lugar no espaço entre duas orelhas sujas de cera e mel de abelhas cachorras e safadas: tu gosta que eu sei. Carne deseja carne, seja para comer, seja para foder, mas acima de tudo, para não apodrecer; inútil tentativa, pois o destino de todo homem é ser cadáver, nuvem, chuva, menina, fogo e rebimboca da parafuseta em uma engenhoca cósmica capaz de olhar para si mesma em noites de céu malhado e auroras de um pavor viscoso e dizer "caralho!", quase sempre sem se tocar que não admira galáxias e quarks, cordilheiras e milagres, e sim ombros e cílios, dentes e unhas. Olhos que fitam diamantes terríveis e perfeitos, mas enxergam apenas instantes. Não seja bobo: instantes não existem, apenas diamantes.
Você não se lembra?